Agência RMBH discute desafios e propostas para a agricultura na região metropolitana

Construir um diagnóstico da agricultura na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em suas múltiplas formas e disposições, com destaque para as agriculturas urbana, familiar e agroecológica é a principal proposta do próximo evento do programa Diálogos Metropolitanos, “Agricultura na RMBH – Panorama e Perspectivas”, que será realizado, no dia 1º de junho de 2016, pela Agência de Desenvolvimento da RMBH, em parceria com Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), no auditório da Emater, em Belo Horizonte, das 9h30 às 17h.

O uso do solo metropolitano é uma das funções públicas de interesse comum, previstas na legislação. Monitorar sua ocupação é uma das atribuições da Agência RMBH, segundo a diretora-geral Flávia Mourão.  “Como o crescimento dos perímetros urbanos implica em redução das áreas rurais, o desafio dos gestores e da sociedade é buscar seu melhor aproveitamento, além de projetos que possam ser desenvolvidos dentro das próprias áreas urbanas”, ressalta a diretora.

O evento vai reunir expositores que irão apresentar conhecimento e experiências adquiridas no trabalho desenvolvido nessa área ao longo dos anos. O público-alvo são gestores e técnicos dos cinquenta municípios da RMBH e Colar Metropolitano.

Uma das experiências que serão apresentadas no evento é a do produtor rural Marcone Gonçalves Xavier, que há 35 anos trabalha na agricultura e há vinte anos possui o certificado de produtos orgânicos. A princípio, trabalhava no próprio terreno, uma pequena propriedade de cinco mil metros em Capim Branco, na RMBH, e costumava vender os produtos em feiras em Belo Horizonte, através do Programa da Secretaria de Abastecimento da Prefeitura de BH.

O negócio cresceu e Marcone se associou ao filho do proprietário da Fazenda Vista Alegre, também em Capim Branco, Lucas Castro Alves, e, atualmente, chegam a produzir 35 a 40 tipos de produtos orgânicos, como tubérculos e fruticulturas, certificados pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O negócio emprega 18 funcionários na fazenda e em Belo Horizonte.

Uma das medidas para incentivar o trabalho dos funcionários da fazenda, que são na maioria jovens de até 30 anos, é a realização de reuniões semanais que contribuem para o aperfeiçoamento do trabalho que desenvolvem. “O nosso objetivo é formar novos agricultores profissionais que trabalhem com o processo orgânico, uma área que está apenas engatinhando no nosso País”, ressalta Marcone.

Ainda segundo Marcone, a Fazenda Vista Alegre recebe com frequência estudantes de faculdades para os quais é passada a experiência do campo. “Também, participamos de ações e movimentos como o da Agricultura Urbana, que está desenvolvendo um trabalho para localizar lotes vagos para criação de hortas comunitárias em Belo Horizonte”, destaca Marcone.

Outra experiência que será apresentada no evento é a das Hortas Comunitárias Urbanas de Sete Lagoas, que já alcançou 34 anos de sucesso, passando por várias gestões municipais e sendo referência nacional e internacional.

Segundo o coordenador da Superintendência de Agropecuária e Abastecimento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Sete Lagoas, Kelsen Nether, “o projeto, iniciado em 1982, contava com uma horta no bairro Manoa e beneficiava 35 produtores. Atualmente, possui sete hortas urbanas, com área total de 22 hectares e contempla 322 famílias em vulnerabilidade socioeconômica, proporcionando à comunidade alimentos de qualidade e melhoria de renda para as famílias dos agricultores”.

Ele explica que a prefeitura disponibiliza a área, o fornecimento de água e energia elétrica e os bens comuns como estufa, microtrator e caminhão para transporte de esterco e dos produtos para as feiras livres que acontecem no município. “O produtor, além de ter que cumprir com o Regulamento das Hortas, tem em contrapartida que plantar, cultivar e colher um canteiro escola que é destinado à alimentação de alunos das escolas municipais”, acrescenta o coordenador.

Além disso, “as universidades estão sendo inseridas no projeto, proporcionando pesquisas, novas tecnologias e fortalecimento do associativismo. No mês de junho, serão inauguradas duas obras importantes: a Central de Compostagem e o Banco de Alimentos que proporcionarão mais sustentabilidade ao Programa de Hortas Comunitárias Urbanas”, conclui Kelsen.