Mapeamento dos aglomerados, vilas e favelas na RMBH auxilia implantação do projeto de acolhimento do Governo de Minas

A população vulnerável de 17 municípios mineiros, com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus, poderá ter acolhimento diferenciado. O Governo de Minas vai repassar aproximadamente R$ 3 milhões para que cerca de 2 mil moradores de aglomerados possam ficar isolados em hotéis de cidades estrategicamente escolhidas no estado.

O projeto, que faz parte das ações de enfrentamento da covid-19, foi criado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), em parceria com Ministério Público Estadual. A iniciativa prevê que casos suspeitos e/ou confirmados para covid-19 na população residente em aglomerados sejam isolados nas redes hoteleiras mineiras.

“O vírus da covid-19 é de alta transmissibilidade, principalmente, no ambiente domiciliar. Os aglomerados sociais são considerados fatores limitantes para o isolamento pela alta densidade demográfica e pelo grande número de pessoas que moram no mesmo espaço. Promover formas de isolamento para as populações vulneráveis é uma importante medida de Saúde pública para controlar a disseminação da doença”, afirma a infectologista da SES-MG e uma das responsáveis pelo projeto, Tânia Marcial.

No intuito de contribuir e auxiliar ações de enfrentamento da covid-19 em localidades mais expostas a proliferação da doença, a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Agência RMBH) auxiliou o projeto através do “Mapeamento dos aglomerados, vilas e favelas na RMBH“.

O levantamento apresentado pela equipe do Núcleo de Assessoramento Técnico Especial (NATE), utilizou bases do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que irão compor o Censo 2020 (adiado para 2021), disponibilizadas preliminarmente, de forma a espacializar as áreas potencialmente mais vulneráveis à covid-19 a fim de subsidiar ações de enfrentamento da pandemia nesses locais. A conformação urbanística irregular, caracterizada pela grande densidade de edificações, atrelada às condições socioeconômicas nessas áreas, dificultam o isolamento social. Ademais, a carência no acesso ao saneamento básico e as condições inadequadas de habitabilidade também potencializam a disseminação do coronavírus.

A chefe do NATE, Gabrielle Sperandio, pontua que o objetivo do levantamento foi de subsidiar o plano de ação da Secretaria de Saúde como enfrentamento da pandemia em áreas vulneráveis. “O mapeamento dos aglomerados subnormais da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi vinculado à espacialização das unidades de saúde de atendimento primário, e também aos estabelecimentos de saúde com capacidade de internação e observação.  A análise evidencia, em primeiro lugar, a concentração da vulnerabilidade nos municípios limítrofes à capital, que apresentam maior proporção de domicílios ocupados nestes locais em relação à quantidade de domicílios nestes municípios”, explica.

A partir dos dados disponibilizados pelo IBGE, a Agência RMBH fez um recorte das informações para a Região Metropolitana de Belo Horizonte e por meio de informações mais específicas dos municípios trabalhou na espacialização dos aglomerados com maior número de casos. Os municípios da RMBH que serão contemplados com o projeto são Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ibirité, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. Em coletiva de imprensa realizada na tarde dessa terça-feira (11/8), o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, agradeceu o auxílio do órgão na interlocução com os municípios.

Recursos

O repasse aos municípios que aderirem ao projeto será feito em parcela única, do Fundo Estadual de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde, em conta específica destinada exclusivamente para este fim. São 17 as cidades que podem aderir à iniciativa. Clique aqui para ver a lista e os valores destinados a cada uma.

Elas foram selecionadas respeitando os seguintes critérios: população maior ou igual a 150 mil habitantes; taxa de incidência de casos maior ou igual a 50% da média estadual; possuir sistemas de notificação oficiais (Sivep Gripe e Esus-Ve) atualizados; possuir aglomerados subnormais mapeados e taxa de incidência calculada para estas áreas; ter definidos os estabelecimentos e protocolos de funcionamento.

Os municípios que quiseram aderir devem sinalizar à SES-MG sobre o interesse em participar do projeto. A expectativa é que o valor de R$ 2.980 milhões de repasse resulte no acolhimento de 2 mil moradores de aglomerados. Cada cidade será responsável pela escolha dos hotéis.

Hotéis

Os hotéis foram os espaços escolhidos para esse isolamento por já possuírem infraestrutura adequada e serem unidades com facilidade de aplicação de protocolos sanitários, segundo Tânia Marcial. Serão adotadas medidas para implantação de cortes de isolamentos (andares ou alas com positivos, negativos e suspeitos). O protocolo recomenda que o uso de ar-condicionado e ventiladores seja evitado. Também não é recomendável receber visitas durante a hospedagem, exceto em casos de profissionais de Saúde, que devem usar máscara cirúrgica.

Cada pessoa em isolamento vai receber um kit de higiene composto por escova e pasta de dente, pano e álcool para limpeza de superfície, máscara cirúrgica (3 máscaras por dia), lenço descartável e recipiente com álcool gel.

Mobilização social

O projeto será realizado em parceria entre os poderes públicos municipal e estadual, com organizações sociais e/ou entidades e fundações, juntamente com a sociedade civil, articulada com órgãos da Saúde.

Fonte: Agência Minas / ASCOM ARMBH